14 de junho de 2010

J.F.C Estudos

É melhor morrer do que trair a Deus...


Pelo Irmão Brasileiro

Existem pessoas que gostam de defender o que não tem defesa. Neste afã, misturam conceitos válidos com idéias descabidas de sentido. Um conceito biblicamente válido é o do tema acima "É melhor morrer do que trair a Deus" em contraponto do título de outro artigo que se encontra em outro site "É melhor morrer do que trair as próprias convicções" (veja o artigo aqui: http://www.geocities.com/osentinelaemvigia/trairconvic.html). Ora, as convicções de uma pessoa podem estar erradas. Por exemplo, os adeptos da seita "Heaven's Gate" (O Portal dos céus) acreditavam que pegariam carona no cometa haley-bop e iriam para o céu. Neste intento, cometeram suicídio coletivo para chegar ao destino pretendido. Outro grupo, liderado pelo Rev. Jim Jones, foi responsável no ano de 1978 na Guiana Inglesa pela morte coletiva de mais de 900 pessoas no exemplo mais cruel do que as "próprias convicções" podem fazer em fanáticos religiosos.

O artigo referenciado aqui mostra o relato da passagem de 2 Macabeus capítulo 6, versículos de 18-31 para "provar" a sua mensagem. Sabemos que o referido livro faz parte dos livros apócrifos, mas que o mesmo é válido em sentido histórico. Neste relato, vemos o caso de Eleazar, que corajosamente rejeitou desobedecer a lei de Deus de comer carne de porco e foi morto por esta razão. Também é usada outra passagem de Macabeus (2 Mac 7:1-42) onde vemos o caso de uma mãe e seus sete filhos sendo sacrificados por se recusarem a comer a carne de porco diante do rei.

Em todos os casos citados acima, os opositores faziam chacota da Lei de Deus dada aos Israelitas, e queriam que tais pessoas renegassem a sua fé por afrontá-la diretamente. A atitude dos que preferiram morrer ao negar a Deus está de acordo com o que disse Jesus em Mateus 10:33 "Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus". Isto também está registrado na perseguição que os primitivos cristãos sofreram diante do império Romano, que tentava os obrigar a negar o nome de Jesus e chamar a César de Senhor. Os que se recusavam eram torturados até a morte.

Mas será que este é o caso com as testemunhas-de-jeová e sua doutrina do sangue ?

Primeiramente, a lei de Deus sobre o sangue é dietética. Vemos em Levítico 17:14 " Pois, quanto à vida de toda a carne, o seu sangue é uma e a mesma coisa com a sua vida; por isso eu disse aos filhos de Israel: Não comereis o sangue de nenhuma carne, porque a vida de toda a carne é o seu sangue; qualquer que o comer será extirpado". A STV também costuma enfatizar que esta lei não foi abolida citando Atos 15:29 " Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar. Bem vos vá". A própria Sociedade reconhecia, até 1958, que o texto de Atos referia-se unicamente a abster-se de carne sufocada e de comer sangue de animais. Isto está no livro Salvação, nas páginas 261 e 262 (publicado no Brasil em 1940) e também na Watchtower (A Sentinela na edição americana) de 15/09/1958, pg 575: "De cada vez que a proibição do sangue é mencionada nas Escrituras, é em relação com tomá-lo como alimento, e por isso, é na sua qualidade de nutriente que estamos preocupados com ser ele proibido." (o grifo é nosso)

Para analisarmos uma passagem bíblica, precisamos verificar o seu contexto e seu significado para um determinado período da história. Não podemos simplesmente arbitrar o significado de uma passagem isoladamente como quer fazer a STV. Que a primeira lei era dietética não é difícil de entender, pois Deus diz "não comereis", e além disso em todas as ocasiões em que a proibição era citada, o sangue em questão era animal. Ora, era costume dos povos pagãos beber sangue para diversos fins, desde medicinais e até como sacrifício aos deuses. Hoje nós sabemos que o sangue pode conter agentes infecciosos que podem levar uma pessoa a adoecer e até morrer se não houver um tratamento adequado. Naqueles dias, não haviam exames clínicos ou qualquer outro método para prevenir uma contaminação por se beber sangue "in-natura". Assim, o povo de Deus se protegia de adoecer, além de se proteger espiritualmente das práticas abomináveis dos sacrifícios aos deuses falsos, que derramavam sangue para demandar a sua presença. Já nos dias dos apóstolos, os sacrifícios aos "deuses" ainda existiam e as pessoas também tinham o costume de "comer" sangue.

Os gentios estavam aderindo ao cristianismo, e havia o inevitável contato com os judeus convertidos. Para o judeu, beber sangue era um pecado capital, mas talvez para o gentio convertido - que não havia sido educado sob a lei - isto poderia não se constituir em um problema, principalmente se o sangue estivesse em sua dieta. Hoje em dia, não são poucas as pessoas que fazem pratos com sangue. Frango ao molho pardo, sarapatel, dentre outros pratos, se constituem num exemplo que a culinária ainda hoje anda com o sangue no cardápio. Todos os cristãos foram advertidos a evitar tal prática, pois isto poderia muito bem escandalizar os judeus convertidos. Isto fica mais claro quando lemos a passagem de 1 Coríntios 8:7-13. Aqui, a "carne sacrificada a ídolos" que foi aparentemente proibida em Atos 15:29 já é exposta por Paulo com a visão mais clara, que é aquela sob a ótica da lei do amor. Ele discorre que o ídolo não é nada, e que não haveria problema algum em se comer uma carne comprada no mercado que havia sido sacrificada a ídolos se esta fosse recebida com ações de graças, mas que devíamos evitar fazer isto por causa dos fracos - aqueles que se escandalizam em comer esta carne (provavelmente os judeus). Dai fica claro o motivo da admoestação de Atos 15:29 (evitar ser pedra de tropeço), onde o sangue está incluído.

Na verdade, o que a STV faz é ter uma visão legalista dos mandamentos de Deus. Jesus muitas vezes confrontou os fariseus em situações similares. No exemplo dos dízimos, ele citou fariseus invalidando a lei de Deus por não darem nada ao sei pai e mãe necessitados, afirmando que não poderiam ajudar porque o dinheiro que tinham era destinado a "oferta ao Senhor" (Mat 15:5; Mar 7:11). Invalidavam assim a outra lei "honrarás o teu pai e tua mãe" (Deut 5:16). Em outra ocasião, Jesus os confrontou com a situação do sábado. "É licito curar nos sábados ?" foi a pergunta dos fariseus. Jesus respondeu com a seguinte ilustração "E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la? Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados. Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra." (Mat 12:11-13). A resposta foi clara, e ele a enfatizou mais ainda curando o homem com a mão ressequida. Eu poderia citar aqui vários outros exemplos, mas creio que estes são o bastante.

Fariseus hodiernos, os líderes da STV fazem o mesmo com a "lei do sangue". Não a encaram com olhos benevolentes, mas sim com estrito legalismo, invalidando a lei maior, que é a lei do amor. Exigem de seus membros algo que a bíblia não demanda. Por exemplo, tecnicamente a transfusão de sangue é um transplante de tecido líquido, e não um alimento. A bíblia proíbe a ingestão do sangue, e isto como respeito pela vida que o carrega. As TJs costumam usar a seguinte linha de raciocínio para enganar os incautos: "Se um médico lhe dissesse que se deve abster-se de álcool, significaria isso simplesmente que não o deve ingerir pela boca, mas que pode introduzí-lo diretamente nas veias ? (A verdade que conduz a vida eterna - Pg 167 § 10)". Um argumento aparentemente convincente, mas que cai com outro similar: "Se você estivesse com fome e ingerisse o sangue pelas veias, não morreria você por falta de alimento ?". Está claro que "comer" sangue não é o mesmo que transfundi-lo.

A proibição do sangue é sempre retratada na bíblia concernente a animais mortos. No caso das transfusões, os doadores são humanos, continuam vivos e ainda ajudam o semelhante a conservar sua vida. Mais uma vez, isto enfatizava o respeito pela vida decepada, além de proteger o povo de Israel das práticas dos povos pagãos. Podemos dizer que o sangue é o "símbolo da vida". Mas é desprovido de sentido valorizar mais o símbolo do que aquilo que ele representa. Assim, deixar que uma vida se vá (morra) por não transfundir sangue é o mesmo que dizer que a lei "Não atarás a boca do boi quando debulha" (1 Cor 9:9) foi feita porque o boi é mais importante que o homem. Ora, a referida lei foi feita para proteger o homem, e não o boi. Da mesma forma, a lei do sangue foi feita para preservar a vida do homem, e não para tomá-la.

Nos nossos dias, uma transfusão de sangue pode ser o único meio de alguém se manter vivo, caso haja falta do transporte natural de oxigênio do nosso corpo. Tal situação pode ocorrer numa cirurgia, num acidente ou em qualquer outra situação onde a perda de sangue for maior que a capacidade do corpo em repor a substância. Vamos agir como os fariseus, que preferiam que a justiça e a bondade deixassem de ser feitas para cumprir a lei de Deus de forma legalista ?

Além de tudo isso, as TJs se beneficiam de milhares de litros de sangue doados pelos "pecadores" usados nos tratamentos com as chamadas "frações" dos componentes primários que são permitidos pela Sociedade (veja como este legalismo das "frações" é fraco no site New Light on Blood - em inglês). Enquanto se beneficiam "t;do pecado dos outros" - na visão deles, pois até mesmo doar sangue é proibido a uma TJ -, não dão a contrapartida a outras milhares de pessoas que precisam deste componente vital.

Concluindo esta nossa consideração, as histórias do livro de Macabeus tem um paralelo parecido com a dos cristãos que negaram a chamar César de "Senhor" e preferiram a morte a negar ao seu verdadeiro Senhor. A história das testemunhas-de-jeová parece mais com o da seita Heaven's Gate, que deixa que suas convicções pessoais os matem pensando estar agradando a Deus.

Jim Jones foi responsável pela morte de mais de 900 pessoas ao mesmo tempo e causou um tremendo escândalo ao mundo. O corpo governante já matou muito mais do que isso, só que em doses homeopáticas, de forma que não chocam o mundo da mesma forma, mas seus estragos reais são muito maiores. Certamente Deus demandará de volta dos responsáveis por estas mortes as vidas que eles desencaminharam.

Que Deus possa abrir os olhos das pessoas esclarecidas, e mostrar o verdadeiro amor de sua Lei, que não está mais num conjunto de regras gravadas em tábuas de pedra, mas está gravado no coração dos hodiernos cristãos e se resume a estas palavras: amarás a Deus de todo o teu coração e ao teu próximo como a ti mesmo (Marcos 12:30-31).

Peço que o leitor, como leitura suplementar, possa visualizar o seguinte artigo: Será que as Testemunhas de Jeová realmente abstêm-se de sangue?. E para uma consideração completa sobre o assunto, no intuito de termos certeza que as posições da Sociedade não procedem, por favor, analise todos os artigos sobre o sangue clicando AQUI.

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